Creatina: Da Teoria à Prática - O Que a Ciência Nos Diz
Creatina: Da Teoria à Prática - O Que a Ciência Nos Diz
Inês Teixeira Duarte
Por Inês Teixeira Duarte Licenciada em Ciências da Nutrição pela NOVA Medical School, UNL
Mestranda em Biomedical Research pela NOVA Medical School, UNL
Joint President da European Network of Dietetic Students

A creatina é uma molécula muito falada, sobretudo em tópicos referentes à prática de exercício físico e a suplementos. No entanto, também é um importante componente endógeno do corpo humano, que vale a pena conhecermos.

 

O que é a creatina?

A creatina é uma molécula que tanto é produzida pelo corpo humano (concretamente no pâncreas, fígado e rins), como também pode ser adquirida através da alimentação, em particular pelo consumo de carnes vermelhas e marisco. 

No nosso corpo, aproximadamente 95% da creatina encontra-se armazenada no tecido muscular esquelético, associado à contração voluntária dos músculos. [1]

 

Qual a função da creatina?

A creatina está envolvida sobretudo nos processos energéticos das nossas células. São uma parte importante para garantir que existe energia disponível. Sabendo isto, conseguimos perceber o porquê de ela ser uma molécula tão importante ao nível do Desporto. É sobretudo durante a prática de exercício físico que são necessárias maiores quantidades de energia, o que é garantido, em parte, pela creatina. [2]

 

A suplementação com creatina é segura?

Considerando o seu potencial para garantir a disponibilidade de energia, a creatina tem sido extensamente estudada enquanto suplemento. De facto, desde o início dos anos 90, altura em que a suplementação com creatina começou a ganhar destaque, milhares de estudos científicos foram conduzidos para aferir a sua segurança e possíveis efeitos adversos.

Atualmente, o único efeito adverso consistentemente reportado é o possível aumento transitório de peso. Alegações que referem que o uso de creatina aumenta a incidência de lesões músculo-esqueléticas, promove a disfunção renal, origina problemas gastrointestinais, cãibras musculares, e muitas outras, têm sido refutadas ao longo dos últimos anos.

Tais observações têm sido verificadas não só no contexto desportivo, mas também em situações clínicas em que a suplementação com creatina pode ter um impacto positivo. [1]

 

Como saber se deverei suplementar?

Apesar da evidência científica mais robusta apresentar resultados bastante positivos, a necessidade de iniciar suplementação com creatina, e até o seu impacto, varia de pessoa para pessoa.

Assim, a suplementação de qualquer composto deverá ser feita com o acompanhamento de um profissional de saúde, garantindo que estás a fazer as escolhas mais adequadas e ajustadas às tuas necessidades individuais.

 

Referências:

[1] Kreider, R.B. et al. (2017) ‘International Society of Sports Nutrition Position Stand: Safety and efficacy of creatine supplementation in exercise, sport, and medicine’, Journal of the International Society of Sports Nutrition, 14(1). doi:10.1186/s12970-017-0173-z. 

[2] Ostojic, S.M. and Forbes, S.C. (2022) ‘Perspective: Creatine, a conditionally essential nutrient: Building the case’, Advances in Nutrition, 13(1), pp. 34–37. doi:10.1093/advances/nmab111.